Totô, eu ainda acredito que é possível conhecer
alguma coisa.
Não só possível como desejável.
Totô, o meu desejo me desloca
e meu lugar não me basta ainda.
Parte do meu interesse pelas coisas
me ensinou que os estoicos e os cínicos
tinham filosoficamente muito em comum.
Adjetivamente também o tem,
mesmo hoje em dia,
eu acho.
E não admito dizerem que
o pensamento nos afasta da vida real.
Não se o pensamento for vivo.
Não se ele for real.
Não vêm a conhecer outras ideias,
outras pessoas, chamem como quiser,
outras culturas?
Pensando o mundo um xamã faz chover.
Com isso aprendo tão mais sobre
a chuva: chego até a senti-la
diferente sobre o meu corpo.
Nunca foi preciso esquecer do corpo.
É uma questão para mim necessária:
se não pulso creio que estou morto.
. . .