Certa vez disse para alguém que eu e Totô temos uma amizade romântica. Eu completei: não no sentido amoroso; eu e Totô pintávamos juntos aos 15 anos, acreditávamos estar no caminho de qualquer direção artística certa, trocávamos email sobre o que líamos e líamos muito, não tínhamos celular, a gente não tinha rede social nenhuma, nossa estética era romanticamente tanto moral quanto ética, e começamos a escrever também poesia juntos, de tal forma que até hoje somos como que um dos únicos leitores um do outro. Além disso, havia – e quanto a isto ainda há – qualquer coisa de um gênio romântico: nossas brigas intempestivas, nossas crenças resolutas que já nos fizeram romper e reatar umas três vezes, acredito. Totô não passa cinco minutos sem que se irrite profundamente com algo que digo, e eu, que sou mais paciente, até que consigo se não passar de sete.

Portanto sim um tanto de sentido amoroso. Aliás quando tínhamos 16 anos houve até uma noite em que ele quis me beijar um pouco.

Hoje ele tem uma namorada taiwanesa gata. Ontem lhe mandei mensagem dizendo que gostaria que eles fossem os padrinhos do meu primeiro filho. Espero contrapartida: eu sempre disse que adoraria ter filhos de olhos puxadinhos.

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