POEMA EM TRÊS TEMPOS SOBRE DUAS CLARAS


Clara diz

que não gosta de seu nome

porque denota uma

como

espécie de

— enfim,

vocês entenderam.


Mas, Clara

meu bem,

você é mesmo tão clarinha…

Cidade Universitária, São Paulo

23 de junho de 2022

*

Clara,

você não é obtusa.


Tranquilamente posso-lhe responder

como já o fizeram

Claro, Clara.


Seus trabalhos,

se de cinco a oito,

tomam sempre cinco páginas,

e há uns dias você disse

gostaria de me livrar do meu poder de síntese.


Você é Clara

mais do que porque clarinha

e sobretudo essa claridade

dentre as que a nomearam

é que lhe cabe assumir

ou resplender, ou refletir.

Rio São Francisco, Pão de Açúcar, Alagoas

22 de janeiro de 2024

*

Outra Clara.

Não clarinha,

mas uma preta de pele Clara:

uma Clara parda;

uma chiara oscura;

ou, segundo seu pai: mulata.


Para mim é Clara

porque me acende e faz graça,

porque se me faz farta

a luz que irradia de seu corpo e me mata,

porque é do que preciso

e basta.

Praia do Félix, Ubatuba, São Paulo 1º de fevereiro de 2024

. . .

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