por Clara Prado
A partir do poema "Nossa poesia não será burguesa ou não será". Publicado aqui com a liberdade que tomei de reescrever uns versos, adicionar maiúsculas e pontos — isto é, de controlar seu texto, porque pelo visto tenho visto que escrita é controle.
O primeiro amor homossexual
do meu primeiro grande leitor
disse da minha poesia
É burguesa
Meu primeiro leitor
disse do meu primeiro amor homossexual
Não é amor
Disse-lhe o mesmo
e talvez os dois estivéssemos certos
Os nossos primeiros amores
por sua vez
dizem sempre É burguesa
sobre a nossa poesia
Mas não
meu primeiro leitor e eu
que o sejamos burgueses
A nossa poesia eu não diria
É apaixonada
e nossos primeiros amores
homossexuais que são
deveriam notá-lo
Meu amor homossexual não quer mais nada com isso
Meu grande leitor cansou de notas biográficas
Seu primeiro amor segue dizendo burguesa
o que quer que seja
e eu amo a todos e lhes quero bem
. . .
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