Mijaram ali um ano atrás.
Há dois dias mijaram
bem ali. No mesmo ponto
estão mijando agora.
As folhinhas continuam dispostas
uma trançando outra
em torno da extinta poça seca.
Sabem, sinto que guardam,
a memória do mijo
ou pelo menos sofrem
a memória do mijo.
Aquilo nem chega a ser
memória, se chegou
já foi e é só
agora
decorrência de tudo
murmurando claro:
estive aqui
vocês não sabem.
Essa é a pior das vinganças…
Aquilo não é esquecimento.
Está tudo dentro.
Nem se perdeu: não há mapa.
Não é cicatriz
se não conta da queda.
Aquilo é
na recorrência do nada que ia,
do nada que já é um dia
e sinto que segue
produzindo mijinho:
farfalho de folha
pra traçar o caminho.
. . .
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