Na bandeirância: relva, selva. Uma fonte secando, um conta-gotas, palpitações. O que fazer quando se nasce com uma natureza ruim? Um composto orgânico, quando os compostos tóxicos, minando por dentro, destroem toda a fauna e flora que habita sua natureza. A minha natureza. Com que fauna? Aquela ave que pousou em meu ombro, depois de alguns dias morta, a dissequei para ver o quão se putrefazia.
Está viva. Horrorizada, a ave foge como pode. Tripas partindo; no chão, tripas virando lagartas que crescem e queimam. Nunca dissequei uma. As aves, só quando vivas no meu ombro sem que eu as perceba. Foi pela assimilação de naturismos que aprendi a falar, e foi de você, lagarta. Com você, que me odeia. Se fossem todas como você, será que dissecaria as aves que foram a ponto de partirem tripas, e será que ainda assim me perdoariam enquanto me odeiam pelo assassínio? Quais as lagartas que também morrem em minha paisagem e em que dia o solo não foi tóxico?
— Terra.
Será que o sangue pulsando em mim tem sentido ou numa dissecação ele deverá fecundar para fora?
— Cinzas. É em razão da medicina que te declaram morto. Pela medicina, a imolação arde mais que o beijo da lagarta.
Mas para onde drenarão poluição e o que restará de fauna e flora numa natureza declamada extinta? Murcham de vez ou enfim desabrocham. Se notam, é porque as folhas caem em quintal alheio — se alguma ave sobrevoando houver de reparar. Quem me dera alguém lendo a carta sobre meu ecossistema. Aquela fonte não secaria em vão.
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