por Chico Mieli
Com minha participação singela. Pelos cálculos, os quatro versos que propus, de 33, dão 12,12% da canção; em termos de royalties, conto que, se chegarmos a 20 milhões de reproduções na rede sueca, poderei comprar um Guaraná Antártica Zero.
As meninas na gare,
As meninas já vão embarcar.
Três poemas criando
Um só plano, um destino a selar:
“Qual futuro alcancei?”
“Quantas vozes eu sou?”
“Cravei trilhos, vagões...”
“Fundei guias no olhar...”
São amigas, irmãs.
São amantes, suponho que são.
Três atrizes do sul:
Fio da trama a bordar a canção
De meninas do cais,
Das mulheres na nau,
Dessas pedras rolando
E virando areal.
Três meninas na margem —
As meninas mulheres no mar
Refletidas estão,
E se vão estrelas acolá.
Marés altas de sal,
Correntezas de amor,
Acrobatas do chão:
Três Marias no ar.
As meninas celebram, cirandam
No sobrado, na gare, na estação.
Construída entre conversas e sonhos,
Pavimento de estreias sem temor
Que revela o convés inesperado.
Três meninas na gare, em sobressalto,
Já suspeitam do fato mais secreto
Que, ao fado de um futuro destinado,
O porvir que as espera vai com elas.
. . .