Por que o signo? eu lhe pergunto apavorado, pergunto tremendo pelo fato de haver existido tudo isso, de tantos entes existentes terem se engajado na transformação do mundo e nesses termos, com carros e muros de chapa de aço, e pichações, inscrições sobre os carros e as chapas de aço, por tudo isso não fazer nenhum sentido e no entanto se organizar de acordo com alguma lógica, e por que esta lógica é o que eu lhe pergunto desesperado, vulnerável, eu pergunto à beira do surto, frágil porque já entrevejo o enlouquecer inevitável, triste, eu lhe pergunto fraco, desacreditado; e ele crente ri, ele forte, ele potente me olha – ele é mesmo capaz de sustentar o olhar e rir meio ensandecido, mad hatter, chapeleiro maluco com o sorriso do gato, sorriso do coringa mais real que o ator, porque o coringa ainda é vivo e o ator se matou, o riso do coringa personagem que sobreviveu ao seu criador, que se apossou dele, assim ele olha para mim e primeiro ri, suponho eu que por seguir a honra de guerra, suponho eu que alguma parte da honra de guerra afirme que se deve prezar por alertar os inimigos com um sorriso quando se vai devorá-los, que por respeito antes disso é bem no fundo dos seus olhos que se deve mirá-los, e então sua bocona se abre, quando já não muda, vocaliza Por que não o signo?, e eu percebo que era do meu lado, não do deles, que tocava o canto fúnebre do circo.
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