NIVELAMENTO


Certa noite não se puxará ar — para gastá-lo de novo.    

Um dia a música metida a deus — acaba como quem arfa o gozo:

no instante posterior à porta batida  às mãos postas sobre o rosto,

instante anterior ao eu te odeio — mas posterior à próstata    

    quando nos diz te amo — e cala o vazio de nenhum acorde.    


A briga eterna não saberia a eterna sobreposição;

nela entrescuto alguns momentos de silêncio,

e, nunca sob tensão, um silêncio

igual a todo silêncio

!

O AMOR VIVIDO PELA ATRIZ

É óbvio que para Maria Bethânia
26.1.2022

Naquela atriz a mão no ar

depara o gesto com o gesto

e depura o resto;

fica com a matéria

nosso registro único,

o falso.


Só no teatro

quem vê aquela atriz

distingue da falsidade seus tipos,

aceita:

depois daquilo tudo quer ser

se bem que não tão bem

traçado no palco.

. . .