Em maio: só um poema. Maio foi um mês de muita escrita acadêmica. O preço pago foi o silêncio da fala que irrompe sobre os poemas. Escrevo poesia porque gosto demais da sensação de falar. Mas, quando escrevi um poema sobre o melhor dia da minha vida, em novembro, eu preferi o silêncio. Porque ganhava algo fundamental: não quis descrevê-lo. E eis que hoje é um dia em que algo se perdeu. Porque perdi algo fundamental: não posso aqui retê-lo.
Tão somente então reapresento a seguir um trecho do poema em que não representei.
o dia que não coube no poema
o dia que o poema não conheceu
o dia deitado para fora da página
o dia feito em pé contra o verso do poema
mas mais falido do que fálico
sem a falácia de um poema
o dia: não
um dia: meu
. . .