OUTRO PROFEMA


Tanta gente diz feia palavra

Ninguém disse a mais fina

A palavra se esconde

onde?

é o que a gente não atina


Estou tentando descobrir o ritmo

encadeado do meu pensamento

e ele não existe

tenho descoberto

Mas não penso em prosa

isso é certo

. . .

EPÍSTOLA AO SÉC. XXX

 

Uma brincadeira: futebol de botão.

Uma dança: dança de salão.

Um livro que não li: Lamentações,

Daniel, Esdras.

Uma conquista: não as tenho.

Uma derrota: Graças a Deus,

poucas tenho. Não estou morto ainda;

se bem que tampouco tentaram-me

matar; se bem que hoje me sinta atento.

Fui um menino atentado,

pelo que me lembram.

Por proteção,

escolho a Oração de S. Miguel Arcanjo,

entre todas (este nome,

recorde de batismo em 2022,

minha mãe me pôs,

duas décadas atrás; e logo

com tanto Miguel

me vejo comungando de tão mais).

De vários jargões religiosos

caros ao léxico da crítica:

me bastam tais versos. Recuso,

obstante, a pecha confessionais.

Como, se a quem?

Qual frei? Cuja paróquia?

. . .