Algo em mim pulsa por uma reverência, canta

    Carlos, obrigado
    Carlos, muito obrigado...

algo assim em mim continua; eu — já não me assustando mais. E ele — pop. Porque, a mim — que o amei, então descobri a falsidade ideológica da instituição poesia e daí o detestei junto dos defensores da literatura, tão dissimulados —, me fez tornar a amá-lo. E ainda o fez com jeitinho, sabe, essa autoridade anarquista lá do interior das Gerais... Mais ainda porque obriga tudo a acabar, dizendo: acaba, vai acabar, já tá pra. No seu jeito de mostrar que verso não é menos perfomance linguística, e o sublime é ato tão ilocucionário quanto o panfleto, a publicidade. Licença, se falo em tecniquês é porque às vezes se é tecnicolor. Porque a gente não abre mão de tudo não; e eu — que não abro mais de Drummond, que tudo mais foi pro inferno.

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GLORIFICAÇÃO (2022)


No verse is free disse o poeta Eliot

em sua suma autoridade


Some may be

disse o poeta Pássaro do Desejo

e a santa que em nome de

Todas-as-Águas

Quase-Paradas

rebentou os diques do brejo


não mais

Rainha-Vitória gorda-

              mente estendida sobre a face

                                                      do lago


Nunca mais

autoridade pro-

                                      funda

Para sempre

alagado     em      todo     lado

Para sempre: pô-ças


Ilhas                       

                    — para sempre

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