
E lavei a louça e deitei com o vizinho e dormi sem tomar banho, porque era gasto de água à toa e gosto das sensações que pregam. Todos os dias foram isso, figurinha e Rubem Braga porque sou mecânica. E mais outras coisas já que sem perceber fico assim, como quem lê e quem está escrevendo: rasa, escura, tatuada. Na base de escola e bofetada, porque tudo se repete e porque não sou Rubem Braga, porque ele tem prestígio e eu tenho louça, vizinho e uma folha de papel.

Busquei bem a compensatória: Rubem Braga haveria que caber no álbum. Mas a vida é muito pão, muito queijo e muito masca e cospe para álbum ficar dando modelo. Nas fotos se revelou apenas um pária, um padre, um padeiro. Não – é para isso que servem os grandes, glória sem glamour? Não, a mim, me basta ser larga: um canal tem dezoito centímetros, então principia o organismo. Ainda não conheci inteiro o professor, mas sei o tipo. Sei que não passa a noite no conjugado e nem dorme cabulando banho. Rubem Braga foi uma sentença.
O corretivo? Simples; foi, como foi. Amanhecendo, entrei no primeiro sebo que vi, pedi a revista mais antiga e, já na primeira página, estava lá estampado: Cuquita Carballo. Não a conheço, no google existe apenas como imagem. Recortei convicta. Se for para ter modelo, será rumbeira cubana. Só assim que me soo literária: suada, num corpo a corpo, anônima.
. . .